Se você acha difícil entender regra de 3, imagine ter que estudar uns livros super antigos de encantamentos proibidos cujo menor erro pode mandar a sua casa para outra dimensão. Junte isso a um moleque de 13 anos com dificuldade para leitura e compreensão de texto. Adicione curiosidade, marra e uma pitada de impulsividade para vencer o tédio. Essa é a fórmula mágica para as mais bizarras confusões que Alex Green enfrenta diariamente.
Veja, Alex quer ser um mago em um universo de fantasia medieval. Um universo onde o conhecimento mágico está armazenado, em sua maioria, em livros. Vamos dizer que os livros são uma pedra pequena no sapato de um garoto disléxico como Alex.
A relação de Alex com os livros é muito diferente da nossa. Ele fala com os danados, com as palavras, que aos seus olhos dançam, ler para aprender é impossível. Por isso ele se matriculou na escola de Isabeau. Uma escola alternativa onde ele poderá desbloquear todo seu potencial. A escola, veja, é itinerante. À partir da curiosidade de Alex sobre magia, Isabeau desloca o prédio até uma locação onde Alex pode observar a magia in loco, dançar na cabeça das pessoas ou dissecar magias do passado. Anotando o conhecimento observado, Alex aprende os rudimentos do mago que quer se tornar. Uma pessoa conectada ao mundo em que vive, não uma minhoca de livros.
Ocasionalmente visitar esses lugares leva o garoto a enfrentar algumas quests em que o moleque tem que lutar pela vida contra Fantasmas de comediantes, elfos hippies, magos do hip-hop, empresários inescrupulosos e divindades entediadas com excesso de bajulação.
Alex anota o conhecimento que adquire em seu livro de magia – um pergaminho infinito que funciona como um iPad – e, a cada anotação, se torna um pouco mais autônomo e empoderado, contornando a dislexia e criando sua própria metodologia para estudar.
Vive e, claro, estuda na casa mágica de Isabeau, onde é aprendiz de magia junto com Nadia, a outra pirralha que mora na escola. Os dois saem por aí explorando tocas de gatos, caçando frutas carnívoras, colocando terra na orelha de Isabeau. Coisas que só dois irmãos sem noção teriam coragem de fazer.
Dislexia na fantasia medieval
Dislexia e leitura – principalmente a de conhecimentos e práticas da magia – não se misturam bem. Isso quer dizer que Alex têm extrema dificuldade em ler, compreender e assimilar conhecimento através da leitura. Ele até consegue ler, mas confunde e troca as letras e palavras, o que resulta em novos contextos, significados e interpretações dos textos que lê. No mundo de Alex, a maior parte do conhecimento necessário para estudar magia está nos livros, então o personagem SEMPRE terá problemas para aprender a partir de livros, interpretar textos, formular pensamentos e ideias compreensíveis em um texto escrito, e até mesmo pensar de forma linear.
Se a mente é a melhor arma que um mago pode ter, no caso de Alex sua mente é sua pior inimiga, esperando qualquer vacilo do garoto para causar uma falha crítica (que é quando a magia dá errado de maneira monumental). Essa luta entre o consciente (saber que precisa prestar muita atenção em tudo, o tempo todo) e o inconsciente de Alex (saber que pode se dispersar e errar mesmo), é a base para todas as gags da série. Quando Alex precisa ler textos de grimórios, falar palavras mágicas criadas por terceiros, fazer rituais que exijam a repetição exata de texto e movimentos, etc. ; quando Alex lê, dá merda (falha). Quando Alex executa magia a partir da leitura (livros ou imitação, reprodução de texto, fala e movimentos), dá muita merda (falha crítica).
Uma nova forma de aprender
Se quase toda tentativa de obter conhecimento através da leitura acaba em erro, como Alex aprende magia? Através da observação, exploração e engenharia reversa. Após falhar em obter conhecimento através da leitura, Alex recebe informações de Isabeau, sobre algum lugar, artefato ou pessoa que eles podem procurar para que o garoto possa observar e adquirir o conhecimento de maneira empírica. Ou seja, Alex precisa ver, experimentar a experiência da magia antes de tentar reproduzi-la.
Depois de ver a magia acontecendo, Alex pode obter um artefato encantando, desconstruir e desencantar esse artefato, entendendo profundamente a magia que o artefato continha, como ela funciona e, a partir desse momento, consegue executá-la. Através desse método, Alex pode tanto usar a magia individualmente como em conjunto com outra magias, ou na criação de artefatos mágicos imbuídos com a mesma magia ou em conjunto com outras que já aprendeu. Em outro exemplo, pode invadir a cabeça de um mago para capturar uma música que existe enquanto recita uma magia. Dessa forma, anotar (do seu jeito) essa canção e ao invés de recitar a magia de maneira formal, usa a música para reproduzir a magia, com quase os mesmos efeitos (algumas vezes, mais potentes ou com sub-efeitos inesperados).
Para todos os efeitos, Alex terá uma afinidade inicial com a escola de Proteção e Contra-Magia, posteriormente aprendendo os rudimentos e magias da Escola Divina e de Conjuração (descritas posteriormente).
Livro Bastão
Alex anota todo o processo de aquisição de conhecimento (e suas aventuras) em seu livro bastão, uma folha mágica infinita que guarda todo o conhecimento que ele adquire e as experiências que vivencia. Então o Livro, como Alex, é um dos personagens mais importantes da série, pois revela não só quantas magias Alex conhece, mas como o garoto percebe o mundo, como ele pensa e funciona. No livro, Alex usa letras e números para criar uma simbologia e lógica própria, sua linguagem mágica. Então, em termos práticos, o livro é escrito em código, mas ricamente ilustrado, contendo, além de descrição de personagens que aparecem na trama, fauna, flora e locações PESQUISADAS e EXPLORADAS pelo garoto.